Continuando com o raciocínio feito no post anterior, será interessante esmiuçar os eventuais verdadeiros motivos da "ingenuidade" sindical (e com um pouco de sorte conseguir o meu "lugar ao sol" com uma teoria que circulará na net... Eh eh eh). Se nuns casos se trata mesmo de ingenuidade em outras situações estamos a falar de limites de poder negocial. Vejamos:
1 - Variáveis na negociação: sindicalistas e equipa ministerial;
2 - Mudanças: os sindicalistas continuam os mesmos... A "testa de ferro" da equipa ministerial mudou de nome, passou de Maria de Lurdes Reis Rodrigues Pinto de Sousa para Maria Isabel Girão de Melo Veiga Vilar Pinto de Sousa. Os dois últimos apelidos são os que realmente detêm o poder, por isso, nada mudou;
3 - Relação professores/sindicatos: os sindicalistas encontram-se presos ao poder negocial que os professores lhes conferem quando reivindicam, contestam e se organizam. Os números contam mas também conta a manutenção da contestação por mais de um dia. Os sindicatos sabem que os professores não são capazes de manter iniciativas por muitos dias e o ME também.
4 - Relação sindicatos/ME: os sindicalistas sabem que o seu poder negocial é limitado e têm consciência que o ME também o sabe. Não podem "esticar muito a corda" pois ela parte. Parece-me que muitos colegas ainda não compreenderam isto. Só pode... Existem propostas que chegam ao irreal, tomando como princípio este limite negocial objectivo.
Conclusão: Como o poder negocial dos sindicalistas é limitado pela capacidade de união dos professores (que sejamos justos, quando em comparação com outras classes profissionais é fraca), quando surge uma oportunidade negocial não se podem cometer erros grosseiros que roçam a ingenuidade. Cada oportunidade negocial deverá ser aproveitada ao máximo e não se podem deixar de lado temas importantes ou pontas soltas "apalavradas" na esperança de que venham a ser tratados posteriormente. Isso aconteceu em Janeiro (e não só)!
Estão a ser desperdiçadas oportunidades... Por falta de trabalho de casa, ingenuidade, estupidez ou o que quiserem chamar, mas que estão a desgastar os professores ao ponto de duvidarem da capacidade negocial (limitada pela união e acção dos professores). Recordo aqui uma questão de um amigo meu, contratado, me fez ainda hoje:
"Porquê voltar a manifestar-me se o resultado desse esforço foi uma negociação onde os nossos representantes foram ingénuos e deixaram escapar um tema tão relevante como a relação da avaliação na graduação e mantiveram o mesmo sistema de avaliação?"
Foi uma boa questão... E foi essa questão que me levou a expôr-me mais um pouco aqui no blogue (algo que ultimamente perdi vontade de fazer). E é exactamente a essa questão que também eu espero resposta para voltar a "encarrilhar" na união. Porque se me pedem para ficar "calado" em favor da união, eu tenho de saber o que vai obrigatoriamente mudar. O que é que os sindicalistas vão tentar mudar? Como vão fazê-lo? Começarem por admitir os seus erros, modificarem a sua forma de encarar os "pormenores" que lhes chegam do "exterior", justificarem algumas das "alterações" do anterior ECD em troca de outras consideradas por muitos mais relevantes, desmistificarem as vantagens que muitos afirmam terem sido obtidas por alguns sindicalistas bem escalonados, seriam óptimos inícios de "lavagem" de face... Existiria aqui também um tema que poderia ser acrescentado e com relação directa entre resultados sindicalistas, "ex-titulares" e "esvaziamento de fileiras" mas deixarei para outro dia (ou não).