Aconselho-vos uma visita ao Portal do Governo. Foi colocado hoje um documento que visa refutar 10 das noções mais erradas (na perspectiva do governo) relativas à avaliação do desempenho docente. Os mitos referidos pelo governo são os que abaixo indico, seguidos de uma pequena fracção das argumentações (em alguns dos mitos) do governo. Não consegui resistir a fazer alguns comentários. Para os masoquistas, recomendo a leitura integral. É de ler e chorar por menos.
"Mito 1 – É um processo muito pesado e burocrático.
Não. Os professores avaliados, cerca de 70% do total de professores, apenas intervêm no processo na definição dos seus objectivos individuais e na auto-avaliação. (...)"
Nota: Claro que sim... É só a definição de objectivos e a auto-avaliação. O resto aparece por obra e graças de Deus. Vou pedir o portefólio já organizado ao Pai Natal. Aproveito e peço também ao coelhinho da Páscoa que me preencha os relatórios das várias actividades lectivas e não lectivas. Será que ele também me poderá substituir nas acções de formação? Humm... Não me parece.
"Mito 2 – A avaliação impede os professores de darem aulas.
Não, uma vez que os professores avaliados têm intervenções pontuais no processo, e os horários dos professores avaliadores já integram, regra geral, as horas necessárias ao exercício das actividades de avaliação. (...)"
Nota: Intervenções pontuais?! Pois, pois... Passo mais tempo na escola em reuniões por causa da avaliação que a leccionar. É tão intervenção pontual como a influência do meu ritmo cardíaco para continuar vivo.
"Mito 3 – O modelo de avaliação de desempenho docente não é exequível.
O modelo de avaliação está a ser aplicado em muitas escolas e milhares de professores já desenvolveram, no corrente ano lectivo, actividades associadas à concretização da avaliação.(...)"
Nota: Muitas escolas e milhares de professores? Acho que peca por defeito. Se fosse eu a redigir este documento utilizaria, outros números. Por exemplo, milhões de professores. Sim... Milhões de professores daria mais força a esta desmistificação.
"Mito 4 – Os professores têm que organizar um portefólio exaustivo e complexo.
Não. A escola apenas deverá requerer que o professor reúna elementos decorrentes do exercício da sua profissão que não constem dos registos e dos sistemas de informação da escola e que sejam relevantes para a avaliação do seu desempenho. Aliás, no modelo de avaliação anterior, todos os professores já tinham de organizar um portefólio para poderem ser avaliados, constituindo este (juntamente com o relatório crítico de auto-avaliação) o único instrumento de avaliação."
Nota: Estranho! Então não foi este governo que disse que antes não existia avaliação dos professores?! Esta desmistificação constitui um 2 em 1. Um pequeno "tiro no pé".
"Mito 5 – As escolas têm que registar o desempenho dos avaliados em instrumentos complexos.
Os instrumentos de registo de informação e indicadores de medida são definidos e elaborados nas escolas, no quadro da sua autonomia, devendo estes ser simples e claros.(...)"
Nota: Os professores são mesmo malandros. Produzem de forma intencional grelhas complicadas. A culpa é definitivamente das escolas. Então e aqueles itens subjectivos que exigem desdobramento em descritores? Isso não interessa nada.
"Mito 6 – Os professores avaliam-se uns aos outros.
A avaliação de desempenho docente é feita no interior da cada escola, sendo avaliadores os membros do órgão executivo e os professores coordenadores de departamento, que exercem funções de chefias intermédias. Não se trata, pois, de pares que se avaliam uns aos outros, mas de professores mais experientes, investidos de um estatuto específico, que lhes foi conferido pelo exercício de um poder hierárquico ou pela nomeação na categoria de professor titular."
Nota: Pois claro. Que raio de confusão estes docentes foram criar. Os professores titulares não são professores.
"Mito 7 – Os professores titulares não são competentes para avaliar."
"Mito 8 – Avaliados e avaliadores competem pelas mesmas quotas."
"Mito 9 – A estruturação na carreira impede os professores de progredir."
"Mito 10 – A avaliação de desempenho é injusta e prejudica os professores.
Este modelo não prejudica os professores, assegurando as condições para a progressão normal na carreira, incluindo o acesso à categoria de professor titular, para quem atinja a classificação de Bom, para a qual não existem quotas. Neste período transitório existe uma protecção adicional para os professores, que decorre da não aplicação de efeitos das classificações negativas. É, assim, mais vantajoso que o sistema em vigor para a administração pública."
Nota: Prejudicar? O que é isso? Injusta? Por favor... Nem prejudica nem é injusta, porque simplesmente não é concretizável. Ao ler esta argumentação do governo, fico com a certeza absoluta que faço parte de uma classe privilegiada. Vejam lá que até temos uma "protecção adicional", do tipo "espécie protegida" ou "em vias de extinção". E pensando bem, até somos, pois não acredito que muitos de nós resistam na profissão durante muito mais tempo.
Não comentei nem coloquei nada acerca dos mitos 7, 8 e 9, pois sinceramente nem os considero como mitos. Para mim, são novidades. Mas como me manti afastado da blogosfera por 4 dias, já não digo nada.
A argumentação utilizada pelo governo é bastante sofrível e mais uma vez é reveladora das reais intenções do governo, em termos de negociação. Para quem quiser ler o documento na íntegra, é só clicar aqui.
"Mito 1 – É um processo muito pesado e burocrático.
Não. Os professores avaliados, cerca de 70% do total de professores, apenas intervêm no processo na definição dos seus objectivos individuais e na auto-avaliação. (...)"
Nota: Claro que sim... É só a definição de objectivos e a auto-avaliação. O resto aparece por obra e graças de Deus. Vou pedir o portefólio já organizado ao Pai Natal. Aproveito e peço também ao coelhinho da Páscoa que me preencha os relatórios das várias actividades lectivas e não lectivas. Será que ele também me poderá substituir nas acções de formação? Humm... Não me parece.
"Mito 2 – A avaliação impede os professores de darem aulas.
Não, uma vez que os professores avaliados têm intervenções pontuais no processo, e os horários dos professores avaliadores já integram, regra geral, as horas necessárias ao exercício das actividades de avaliação. (...)"
Nota: Intervenções pontuais?! Pois, pois... Passo mais tempo na escola em reuniões por causa da avaliação que a leccionar. É tão intervenção pontual como a influência do meu ritmo cardíaco para continuar vivo.
"Mito 3 – O modelo de avaliação de desempenho docente não é exequível.
O modelo de avaliação está a ser aplicado em muitas escolas e milhares de professores já desenvolveram, no corrente ano lectivo, actividades associadas à concretização da avaliação.(...)"
Nota: Muitas escolas e milhares de professores? Acho que peca por defeito. Se fosse eu a redigir este documento utilizaria, outros números. Por exemplo, milhões de professores. Sim... Milhões de professores daria mais força a esta desmistificação.
"Mito 4 – Os professores têm que organizar um portefólio exaustivo e complexo.
Não. A escola apenas deverá requerer que o professor reúna elementos decorrentes do exercício da sua profissão que não constem dos registos e dos sistemas de informação da escola e que sejam relevantes para a avaliação do seu desempenho. Aliás, no modelo de avaliação anterior, todos os professores já tinham de organizar um portefólio para poderem ser avaliados, constituindo este (juntamente com o relatório crítico de auto-avaliação) o único instrumento de avaliação."
Nota: Estranho! Então não foi este governo que disse que antes não existia avaliação dos professores?! Esta desmistificação constitui um 2 em 1. Um pequeno "tiro no pé".
"Mito 5 – As escolas têm que registar o desempenho dos avaliados em instrumentos complexos.
Os instrumentos de registo de informação e indicadores de medida são definidos e elaborados nas escolas, no quadro da sua autonomia, devendo estes ser simples e claros.(...)"
Nota: Os professores são mesmo malandros. Produzem de forma intencional grelhas complicadas. A culpa é definitivamente das escolas. Então e aqueles itens subjectivos que exigem desdobramento em descritores? Isso não interessa nada.
"Mito 6 – Os professores avaliam-se uns aos outros.
A avaliação de desempenho docente é feita no interior da cada escola, sendo avaliadores os membros do órgão executivo e os professores coordenadores de departamento, que exercem funções de chefias intermédias. Não se trata, pois, de pares que se avaliam uns aos outros, mas de professores mais experientes, investidos de um estatuto específico, que lhes foi conferido pelo exercício de um poder hierárquico ou pela nomeação na categoria de professor titular."
Nota: Pois claro. Que raio de confusão estes docentes foram criar. Os professores titulares não são professores.
"Mito 7 – Os professores titulares não são competentes para avaliar."
"Mito 8 – Avaliados e avaliadores competem pelas mesmas quotas."
"Mito 9 – A estruturação na carreira impede os professores de progredir."
"Mito 10 – A avaliação de desempenho é injusta e prejudica os professores.
Este modelo não prejudica os professores, assegurando as condições para a progressão normal na carreira, incluindo o acesso à categoria de professor titular, para quem atinja a classificação de Bom, para a qual não existem quotas. Neste período transitório existe uma protecção adicional para os professores, que decorre da não aplicação de efeitos das classificações negativas. É, assim, mais vantajoso que o sistema em vigor para a administração pública."
Nota: Prejudicar? O que é isso? Injusta? Por favor... Nem prejudica nem é injusta, porque simplesmente não é concretizável. Ao ler esta argumentação do governo, fico com a certeza absoluta que faço parte de uma classe privilegiada. Vejam lá que até temos uma "protecção adicional", do tipo "espécie protegida" ou "em vias de extinção". E pensando bem, até somos, pois não acredito que muitos de nós resistam na profissão durante muito mais tempo.
Não comentei nem coloquei nada acerca dos mitos 7, 8 e 9, pois sinceramente nem os considero como mitos. Para mim, são novidades. Mas como me manti afastado da blogosfera por 4 dias, já não digo nada.
A argumentação utilizada pelo governo é bastante sofrível e mais uma vez é reveladora das reais intenções do governo, em termos de negociação. Para quem quiser ler o documento na íntegra, é só clicar aqui.
Para nos afastarmos um bocadinho desta pressão... ouçam:
ResponderEliminar"Human" dos The Killer
Fantástica
Bom trabalho! (Que é bastante nesta época.)