No Destak de 31/10/2007: "A ministra da Educação explica o Estatuto do Aluno, ainda em discussão. Diz que devolve a autoridade à escola e aos professores, e não promove, de forma alguma, a falta de exigência. Pelo contrário, tem como objectivo tornar os encarregados de educação mais responsáveis pelo absentismo, obrigando-os a procurar, juntamente com a escola, medidas que garantam a presença do aluno na sala de aulas. As razões da ministra, em entrevista ao Destak.
ISABEL STILWELL - editorial@destak.pt
Afinal há faltas justificadas ou injustificadas ou são agora ambas equivalentes, como se tem dito?
O nosso objectivo é ser mais exigente com as faltas justificadas e as injustificadas.
Mas há uma diferença clara entre as duas?
A grande diferença é que a avaliação para a justificação das faltas seja promovida pelos professores e pelas escolas, que são quem tem condições de avaliar a razoabilidade de algumas justificações. Os alunos adoecem, e perante uma doença as faltas estão evidentemente justificadas, mas há mil outros motivos que só servem para justificar faltas, porque a escola não tem meio de intervir e deve ter essa possibilidade. Este Estatuto tende a diluir essa enorme diferença entre aquilo que tínhamos, que era só se considerarem faltas injustificadas aquelas que os pais não assinavam e considerar justificadas todas aquelas cujos pais estavam disponíveis para justificar. Pais mais disponíveis para justificar as faltas dos seus alunos permitiam comportamentos absentistas tão intoleráveis quanto os comportamentos absentistas das faltas injustificadas.
(...)
E o que é que o estatuto prevê que a escola faça em relação aos alunos que têm faltas injustificadas?
À segunda falta injustificada, os pais já devem estar a ser chamados à escola. E devem estar a participar com a escola em medidas preventivas desse comportamento. Isto é um nível de exigência muito superior ao que estava no anterior Estatuto.
Em que fase é que se diz ao aluno que vai ter que fazer uma prova?
As provas ou a prestação de avaliação de conhecimentos assentam no seguinte pressuposto: se o aluno faltou não assistiu às aulas, não participou da avaliação contínua, precisa de um método extraordinário de avaliação. Tem que sentir que, apesar de ter faltado aos testes, aos exercícios na sala de aulas, não está dispensado de prestar provas dos conhecimentos que atingiu. E isto pode passar-se em qualquer momento do ano. Se for em Novembro, o aluno pode ter tempo de recuperar, não é chumbá-lo e deixá-lo o resto do ano sem fazer nada. Se for em Julho, já é diferente.
Essa prova é definida pelo conselho pedagógico?
Pela escola, sim.
E o que é que se avalia? A matéria dada até essa altura?
O Ministério não pode estar a regular de uma forma tão pormenorizada. A escola é que decide o que deve constar dessa prova.
Mas isso não pode levar a discrepâncias enormes entre escolas?
É verdade, mas os alunos também são diferentes. Os casos e os motivos também e essa diferença deve ser respeitada. A escola tem que ter a possibilidade de avaliar e decidir como vai agir em cada caso.
Está definido o que acontece se o aluno reprovar nessa prova?
Se o aluno reprovar e tiver negativa não pode passar, fica retido. Mas, repito, é diferente ter uma negativa em Novembro ou em Julho, como todos sabemos. Tem que se confiar nos professores que fazem o acompanhamento quotidiano dos seus alunos. Mas não é correcto definir tudo em sede de Estatuto. No Estatuto devem estar os princípios, as orientações e os instrumentos que reforçam a autonomia e autoridade dos professores e das escolas. Os professores sabem muito bem porque é que os alunos faltam, quais as faltas que têm razão de ser e as que não têm, e é preciso tirar partido desse potencial.
(...)
Acha que este Estatuto agradou aos professores?
Acho que, em regra, agradou muito. Porque vêem finalmente restituída a espontaneidade do acto pedagógico, de tutela e condicionamento dos comportamentos mais incivilizados. Este estatuto devolve aos professores essa autoridade.
(...)
Não receia que lhe digam que tudo isto é uma forma demagógica de baixar as estatísticas do abandono escolar?
O Estatuto ainda não foi aprovado, e os resultados escolares, nomeadamente os números do abandono, já estão a melhorar. A nossa preocupação é melhorar o clima de disciplina, valorizar o trabalho e o estudo no interior da escola. O que terá uma influência positiva nos resultados, mantendo sempre o nível de exigência. E isso é bom para todos.
A palavra «expulsão» foi retirada do novo Estatuto, porquê?
Porque na escolaridade obrigatória, não faz sentido. De qualquer forma, tenho sempre muita dificuldade em castigos que se constituam como cerceamento de oportunidades com carácter muito prolongado. O principal problema de muitos destes jovens de risco, e estamos sempre a falar de uma minoria, é a ausência de adulto. Esse é o principal elemento da educação. E tudo o que reforçar a ausência de adulto na vida de um jovem parece-me negativo como princípio. Um adulto que lhe diga o que é bem e o que é mal, o que está certo e o que está errado. Olho positivamente para todas as medidas que reforçam a presença de adultos e não promovem o isolamento."
Ver Artigo Completo (Destak)
ISABEL STILWELL - editorial@destak.pt
Afinal há faltas justificadas ou injustificadas ou são agora ambas equivalentes, como se tem dito?
O nosso objectivo é ser mais exigente com as faltas justificadas e as injustificadas.
Mas há uma diferença clara entre as duas?
A grande diferença é que a avaliação para a justificação das faltas seja promovida pelos professores e pelas escolas, que são quem tem condições de avaliar a razoabilidade de algumas justificações. Os alunos adoecem, e perante uma doença as faltas estão evidentemente justificadas, mas há mil outros motivos que só servem para justificar faltas, porque a escola não tem meio de intervir e deve ter essa possibilidade. Este Estatuto tende a diluir essa enorme diferença entre aquilo que tínhamos, que era só se considerarem faltas injustificadas aquelas que os pais não assinavam e considerar justificadas todas aquelas cujos pais estavam disponíveis para justificar. Pais mais disponíveis para justificar as faltas dos seus alunos permitiam comportamentos absentistas tão intoleráveis quanto os comportamentos absentistas das faltas injustificadas.
(...)
E o que é que o estatuto prevê que a escola faça em relação aos alunos que têm faltas injustificadas?
À segunda falta injustificada, os pais já devem estar a ser chamados à escola. E devem estar a participar com a escola em medidas preventivas desse comportamento. Isto é um nível de exigência muito superior ao que estava no anterior Estatuto.
Em que fase é que se diz ao aluno que vai ter que fazer uma prova?
As provas ou a prestação de avaliação de conhecimentos assentam no seguinte pressuposto: se o aluno faltou não assistiu às aulas, não participou da avaliação contínua, precisa de um método extraordinário de avaliação. Tem que sentir que, apesar de ter faltado aos testes, aos exercícios na sala de aulas, não está dispensado de prestar provas dos conhecimentos que atingiu. E isto pode passar-se em qualquer momento do ano. Se for em Novembro, o aluno pode ter tempo de recuperar, não é chumbá-lo e deixá-lo o resto do ano sem fazer nada. Se for em Julho, já é diferente.
Essa prova é definida pelo conselho pedagógico?
Pela escola, sim.
E o que é que se avalia? A matéria dada até essa altura?
O Ministério não pode estar a regular de uma forma tão pormenorizada. A escola é que decide o que deve constar dessa prova.
Mas isso não pode levar a discrepâncias enormes entre escolas?
É verdade, mas os alunos também são diferentes. Os casos e os motivos também e essa diferença deve ser respeitada. A escola tem que ter a possibilidade de avaliar e decidir como vai agir em cada caso.
Está definido o que acontece se o aluno reprovar nessa prova?
Se o aluno reprovar e tiver negativa não pode passar, fica retido. Mas, repito, é diferente ter uma negativa em Novembro ou em Julho, como todos sabemos. Tem que se confiar nos professores que fazem o acompanhamento quotidiano dos seus alunos. Mas não é correcto definir tudo em sede de Estatuto. No Estatuto devem estar os princípios, as orientações e os instrumentos que reforçam a autonomia e autoridade dos professores e das escolas. Os professores sabem muito bem porque é que os alunos faltam, quais as faltas que têm razão de ser e as que não têm, e é preciso tirar partido desse potencial.
(...)
Acha que este Estatuto agradou aos professores?
Acho que, em regra, agradou muito. Porque vêem finalmente restituída a espontaneidade do acto pedagógico, de tutela e condicionamento dos comportamentos mais incivilizados. Este estatuto devolve aos professores essa autoridade.
(...)
Não receia que lhe digam que tudo isto é uma forma demagógica de baixar as estatísticas do abandono escolar?
O Estatuto ainda não foi aprovado, e os resultados escolares, nomeadamente os números do abandono, já estão a melhorar. A nossa preocupação é melhorar o clima de disciplina, valorizar o trabalho e o estudo no interior da escola. O que terá uma influência positiva nos resultados, mantendo sempre o nível de exigência. E isso é bom para todos.
A palavra «expulsão» foi retirada do novo Estatuto, porquê?
Porque na escolaridade obrigatória, não faz sentido. De qualquer forma, tenho sempre muita dificuldade em castigos que se constituam como cerceamento de oportunidades com carácter muito prolongado. O principal problema de muitos destes jovens de risco, e estamos sempre a falar de uma minoria, é a ausência de adulto. Esse é o principal elemento da educação. E tudo o que reforçar a ausência de adulto na vida de um jovem parece-me negativo como princípio. Um adulto que lhe diga o que é bem e o que é mal, o que está certo e o que está errado. Olho positivamente para todas as medidas que reforçam a presença de adultos e não promovem o isolamento."
Ver Artigo Completo (Destak)
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Apenas coloquei neste post as questões e respostas que considerei mais pertinentes, no entanto, aconselho a leitura integral da entrevista à Ministra da Educação, que podem encontrar utilizando o link que coloquei anteriormente. O facilitismo é o "mote" e as estatísticas o objectivo. Mesmo com "falinhas mansas" e "expressões bonitas" o discurso já não engana ninguém (espero eu). Definitivamente não será bom para os alunos, principalmente porquê se vai premiar (sob uma forma tortuosa) os alunos faltosos, com a hipótese de "passarem" de ano. E isto não vai ser nada motivador para os alunos empenhados... Quanto às faltas: convocar os encarregados de educação à 2.ª falta?! Se nem à 12.ª alguns encarregados de educação comparecem na escola! Ainda por cima, sente-se no direito de falar pelos professores, dizendo que nos agradou muito. Como é que nos agradou muito se a maioria de nós ainda nem conhece a extensão das medidas que nele constam?... E por aquilo que se pôde ler até agora, não me parece mesmo nada que seja do agrado de todos os professores.
O Dia das Bruxas, de Maria de Lurdes Rodrigues
ResponderEliminarhttp://asvicentinasdebraganza.blogspot.com/2007/11/noite-das-bruxas.html#links
Só pode ter sonhado que as suas medidas seriam do nosso agrado: não nos ouviu! Como é que sabe, senão através de um sonho??
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